DIA DA VISIBILIDADE TRANS

Hoje, 29 de janeiro, é o Dia da Visibilidade Trans, data instituída com o objetivo de aumentar a conscientização sobre travestis, transexuais e transgêneras, pessoas que não se identificam com o gênero que lhe foi imposto ao nascimento, como homens trans, mulheres trans e as travestis, além de incluir pessoas que não se identificam com nenhum destes gêneros ou com mais de um deles.

O Brasil é um dos países mais transfóbicos do mundo, liderando o ranking mundial de país que mais mata pessoas trans. Além disso, a transfobia no país é potencializada pelo fator raça. Falar sobre mortes de transexuais e travestis é também falar sobre o genocídio da população preta.

Helena Soares, Arte-educadora da rede Municipal de Porto Alegre e Rainha da Diversidade Imperadores do Samba levanta a questão que vivemos em estrutura racista, colonial e heteronormativas patriarcal, em que se define um determinado conceito uma imagem do que seriam pessoas humanas.

“Eu sou uma pessoa preta e que vive socialmente como uma mulher, mas sempre trazendo essa construção de que sou uma mulher trans. Além disso, hoje sou corpo Guardião e essa palavra Guardião tem um significado positivo  e potente forte a partir do momento em que eu usei o que eu encontro com um livro chamado Espírito da Intimidade, da Sobonfu Somé. Em algum momento se fala sobre as construções desses corpos Guardiões, que hoje veria a ser a comunidade LGBTAQIA+; na obra,  eles tinham um grande prestígio e importância em relação na comunidade muitas vezes, até mesmo, tão grande quanto os Anciões “, afirma Helena. 

De acordo também com ela existe uma outra perspectiva além da ocidental que conhecemos, no qual existe um conceito binário, que pensa as pessoas apenas divididas em dois gêneros. “Então, pensando nesse movimento afrocentrado, eu acolhi e me autodenominei Preta Guardiã”.

As Escolas de Samba, os espaços do carnaval são naturalmente territórios mais plurais. “O carnaval não é excludente, ele inclui. A gente vai pensar que é um território negro e nesse jeito negro de se viver solidário coletivo familiar amoroso que aceita o diferente.  Eu acredito muito no espaço no território do carnaval como um lugar fortíssimo para combater a transfobia”.

É importante pensar na importância desse dia, na representatividade de pessoas trans. Mas que a luta sirva para que em algum momento elas deixem de ser representativas e passem a ter a representação. Pensando que a perspectiva de vida dessas pessoas é de apenas 35 anos. “Eu sou a exceção, infelizmente, mas sonho com o dia que não serei a única mulher trans negra nos espaços e que isso vai acontecer de uma maneira natural”, disse Helena.

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