Nós sabemos como tudo começou e nos orgulhamos da nossa história. Para aqueles meninos cheios de ideais, era o início da realização de um sonho. Nas nossas andanças pelos palcos da cidade, só fizemos questão de termos lembranças boas.
Das nossas atitudes e atividades herdamos as consequências e galgamos muitas aprendizagens com nossos erros e acertos. Não foi fácil nos mantermos unidas e unidos por tantos anos, enfrentamos algumas perdas significativas, tanto materiais quanto de pessoas que fizeram parte da nossa história.
Chegamos aos 63 anos e há duas emoções distintas e contraditórias quando comemoramos mais um ano de vida. Percebemos fortemente o peso da idade, talvez pelos esquecimentos aleatórios, pelas dores das perdas, pelas marcas. Essa idade não combina muito com a nossa energia. O cotidiano nos mostra que as contas do tempo estão certas, mas nós gostaríamos que estivessem erradas, pois nosso espírito é jovem. Estamos em constante renovação. Fizemos questão de sermos a Escola do Povo.
Chegamos aos 63 anos com a mesma garra nos trabalhos, com mais inteligência de quando éramos jovens, com muita dedicação por nossa família vermelho e branco, amigos e pela vida. Estamos sempre nos renovando, estudando, aprendendo novas culturas, nos divertindo para manter e fazer novas amizades.
Chegamos aos 63 anos com dignidade, construindo a nossa história sem medo de ler o enredo passado, porque com os nossos erros e acertos buscaremos acertar mais e errar menos. Novos enredos serão escritos, queremos novos desfiles e muitos carnavais e carros alegóricos.
Chegamos aos 63 anos na esperança de um mundo melhor, sem brigas, sem discriminação, sem homofobia, sem doenças, queremos um mundo sem preconceito onde as crianças e idosos sejam amados e respeitados, um mundo com muito amor e paz e que as pessoas caminhem confiantes para a realização de novos sonhos, na certeza de que elas só virão a engrandecer sua história de vida.
Então é mais ou menos assim: é muito bom completar mais um ano de vida, poder agradecer por mais este tempo junto daqueles a quem queremos bem e amamos. Depois de uma certa idade, somar mais um ano aos já tantos acumulados significa ficarmos mais velhos. E ficar velho significa, também, limitações, dependências, assistência constante, medo de morrer porque amamos a vida, mas fazer o quê, é a realidade de todos nós. Na verdade, não temos nada do que nos queixar, só agradecer, pelo ar que respiramos, pela luz dos nossos olhos em todos os ensaios e desfiles, pela sabedoria, enfim por tudo, porque a vida é um grande desfile.
Afinal fazer aniversário é ter a chance de viver mais com a família, fazer novos amigos, ajudar mais pessoas, aprender e ensinar novas lições, vivenciar outras dores e suportar velhos problemas. Sorrir novos motivos e chorar outros, amar mais o próximo é dar mais amparo porque nosso povo precisa de nós.
Por isso e muito mais, só temos que agradecer e pedir ao Povo do Mar Vermelho e Branco que fique sempre unido para que possamos continuar e propagar nosso amor pelo Carnaval, pela cultura popular e pelos Imperadores do Samba.
